Revolução de 1817 inspirou a arte pernambucana

Romances, quadros, monumentos, peças e quadrinhos trabalharam a temática da Revolução de 1817

Por Diogo Guedes

A Revolução de 1817 ainda é pouco conhecida do grande público, mas se faz presente no cotidiano dos pernambucanos. Não é difícil imaginar como: é só olhar a bandeira do Estado ou o nome de avenida como a Cruz Cabugá e rua como a Gervásio Pires ou Vigário Tenório. Além de lado oficial, a história da república em Pernambuco tem aparecido na cultura e na arte, inspirando diversas obras, entre monumentos, quadros, peças, romances, quadrinhos e exposições.


O bicentenário da Revolução de 1817, claro, só aumenta a produção de novo trabalhos que reinventam e reconstroem o passado histórico pernambucano. Alguns já são clássicos, como os belos painéis (que sofrem com a má conservação e depredações) de Corbiniano Lins sobre as revoluções pernambucanas na Av. Cruz Cabugá e o monumento de Abelardo da Hora aos heróis do movimento, localizado na Praça da República.

A nova fornada de obras sobre a primeira república em solo brasileira começou a aparecer no início de 2017, a partir de uma exposição da Cepe Editora, com curadoria de Raul Córdula, que reuniu 12 quadros de artistas locais sobre a Revolução de 1817. O material foi a base para um calendário e terminou gerando novas visões sobre eventos e personagens do movimento – reimaginados a partir de um olhar crítico e estético contemporâneo. 


O Museu da Cidade do Recife inaugurou no dia 12 de março uma mostra com acervo do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, além de material educativo. O material ficará exposto durante 1 ano. A Biblioteca Pública do Estado também vai abrir, na segunda, uma mostra com documentos e informações sobre a Revolução de 1817. Ainda sem data prevista, o Ministério da Cultura vai realizar uma exposição, que vai circular por cidades do Brasil, sobre o movimento.

ESCRITA

Na literatura, 1817 também se faz presente. A obra mais popular é o romance A Noiva da Revolução, do jornalista Paulo Santos. Na trama, o autor mistura o contexto da época com a história de Domingos José Martins, um dos líderes da revolução, que aproveitou a eclosão da revolta para finalmente conseguir casar com seu grande amor, Maria Teodora. A ficção histórica de Paulo terminou gerando dois projetos de adaptação para os quadrinhos. Um tem roteiro dele e o traço clássico de Zenival, com tiragem da Cepe Editora. No outro, intitulado A Noiva, o quadrinista Thony Silas, que já desenhou histórias de Batman e Demolidor, faz uma adaptação livre da história, com roteiro de Eron Villar. “Essa HQ sobre a Revolução de 1817 foi uma das coisas mais apaixonantes que eu já fiz”, diz o desenhista.


Outra obra também transforma em ficção a Revolução dos Padres é o romance Olhos Negros (Bagaço), da escritora e psiquiatra Maria Cristina Cavalcanti. No domingo, no Museu da Cidade do Recife, ela vai lançar a terceira edição revisada da obra, que conta o período através das memórias de Maricotinha, narradora criada por ela. Estão lá o padre João Ribeiro, Domingo José Martins, Muniz Tavares, entre outros. Para ela, emprestar à História a “tessitura do romance” só é possível através da atenção aos pormenores. “Eu me alimento de detalhes. Toda a estrutura da obra é composta deles”, comenta. 

TEATRO

A Revolução também já subiu aos palcos, com a encenação, em 2008, do texto de Ronaldo Correia de Brito, O Nascimento da Bandeira. Agora, o período será abordado em uma montagem produzida por Manoel Constantino, com texto de Cláudio Aguiar e direção de José Francisco Filho. O Suplício de Frei Caneca terá uma pré-estreia no dia 17 de março e, a partir de 28 de abril, vai circular por igrejas carmelitas – parceiras da montagem – do Estado. “São 25 pessoas ao todo envolvidas na montagem. A peça é essencial porque não há um dimensionamento da importância de 1817 e de figuras como Frei Caneca, um verdadeiro mártir e herói brasileiro”, comenta Manoel Constantino.

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