A realidade para Flávio tem sido generosa. Geralmente ela ajuda quem trabalha. E o goleiro, cria do Sport, onde chegou em 1982, está justificando a surpreendente condição de titular. Assim como Neco, 23 anos, e Nando Lambada, 21, é mais um formado na Ilha a dar um tapa de luva pelica na cara da diretoria, afeita a contratações de impacto.
Neste momento, às vésperas de enfrentar o Ceará pela estreia do returno do grupo D do módulo amarelo, Flávio, de 1,84m, está há seis jogos inteiros sem tomar gol. Nas duas vezes em que o Sport foi vazado – 1×1 contra o Atlético-PR e 1×1 contra a Portuguesa -, o goleiro era Márcio.
Uma responsabilidade que aumenta por ter como treinador Émerson Leão, um dos maiores goleiros que o Brasil já produziu. “Quando o goleiro falha, é condenado. O mesmo não ocorre ao centroavante. Precisamos aprender a viver com esses fatores do futebol. E, se depender de mim, o meu time não vai sofrer gols”, disse.
Flávio teve duas rápidas saídas por empréstimo. Para o Auto Esporte-PB em 84 e para o Paulistano este ano. “Flávio e Márcio (20 anos) são treinados desde o elementar ao mais complexo. O fundamental é o esforço deles. E só daqui a três ou quatro anos ambos poderão ser considerados goleiros independentes”, comentou o preparador de goleiros do clube, Ademar Lucena.
Sobre a disputa pela posição com Márcio, o titular minimizou. “Somos como dois irmãos. Estamos no mesmo barco, numa fase de aprendizado e superando as deficiências com vontade e coragem. O que interessa é o grupo, não uma simples briga pela posição”, declarou Flávio.
Flávio fez seis jogos até agora. Márcio, de 1,87m, fez dois. “Confiamos no nosso potencial. Mas faltava no Sport quem nos orientasse. Agora, a tranquilidade passou a imperar. Eu e Flávio somos unidos e nos ajudamos. Nossa tendência vai ser melhorar a cada dia”, avaliou Márcio, citando o trabalho de Ademar Lucena.