Por Henrique Queiroz – texto original de 1987
A arrogância e a prepotência sempre foram inimigas dos grandes times. Houve na história do futebol exemplos claros, o mais recente foi na Copa da Espanha, quando o Brasil, com o seu belo futebol, foi eliminado pela aplicada Itália, surpreendendo o mundo e chegando ao título. O Sport de hoje não pode ser enquadrado dentro da lista dos “poderosos esquadrões”, como diriam os antigos, mas uma coisa esse time dirigido pelo técnico Émerson Leão tem: garra.
E é a garra, misturada com uma forte aplicação tática, como fez a Itália, em 82, que o Sport pretende mostrar hoje, a partir das 17h, contra o Ceará, na Ilha do Retiro, na estreia do segundo turno do módulo amarelo. Isso é o que garante o técnico Émerson Leão. “Estamos há quase dois meses tentando harmonizar as principais qualidades do futebol de hoje. Ou seja: a aplicação, a garra e o talento. No entanto, o mais importante é o conjunto, o futebol solidário”.
Quando terminou o treino tático de ontem pela manhã, Émerson Leão, que não conhece o time do Ceará, argumentou que o respeito ao adversário é uma exigência. “Se não houver respeito, o time poderá relaxar no esquema. E isso eu não admito”, disse o comandante.
Exigente, às vezes chegando ao extremo, Émerson Leão sabe de uma coisa importante: “Quanto mais se repete um treino, mais os jogadores assimilam as orientações”. Dentro dessa perspectiva, muito usada pelos publicitários e os detentores da mídia quando querem vender o seu produto, o treinador rubro-negro tem constantemente repetido as mesmas jogadas, a mesma postura dentro do campo e tem explorado com sucesso a técnica de alguns jogadores.
“Eu nunca mudo o meu esquema. Isso tem dado certo, e vou continuar usando, seja contra o Ceará ou o Bangu. Por isso, acho importante a repetição, o ensaio e a determinação de trabalhar”, explicou o treinador.
E, sem problemas para a partida de logo mais à tarde, Émerson Leão vai manter a mesma equipe da última partida do primeiro turno, contra a Internacional de Limeira, quando venceu por 4×0. Poderá, assim, garantir a invencibilidade de oito jogos na Copa Brasil (nome oficial do Brasileiro) e uma nova vitória.
—————————————————————————————————————————————
Nota do editor: Cópia fiel do texto é uma homenagem ao jornalista Henrique Queiroz, que me ajudou decisivamente em 2003 quando eu, ainda estagiário, fui designado para ser o setorista do Náutico pela Folha de Pernambuco. Ele, mesmo atuando pelo Jornal do Commercio, me deu todos os caminhos das pedras dentro da função e do Náutico. Valeu, dinossauro do rock!!! Abaixo, a página original do JC