Feminismo e empoderamento da mulher são termos contemporâneos e que não estavam no radar dos pensadores iluministas do século XIX. No entanto, a Revolução de 1817 traz em sua história a participação de uma sertaneja de Exu que lutou para livrar a província da opressão da Coroa Portuguesa. Apesar da origem pernambucana, Bárbara Pereira de Alencar (1760-1832) fez a trajetória política no Crato, Ceará, onde ajudou a firmar os ideais republicanos. Avó do escritor José de Alencar, ela era matriarca de uma família de revolucionários. Isso num Nordeste marcado pelo patriarcado.
Três dos seus cinco filhos participaram do movimento. Sete anos depois ela também esteve no front da Confederação do Equador e foi perseguida até sua morte por causa da luta. Bárbara é considerada uma das primeiras presas políticas da história do Brasil e teve papel fundamental nas lutas pela Independência.
“Diria que ela era uma mulher de coragem, possuidora de um destemor pouco comum entre as mulheres da época, educadas no padrão patriarcal de gerar mulheres dóceis e acorrentadas no espectro da brandura e do recato como valores intrínsecos à formação feminina do período”, grifa o historiador Erick Assis de Araújo, professor do mestrado em História da Universidade Estadual do Ceará.
“O papel que ela ocupa enquanto liderança feminina ainda é historicamente diluído, falta-lhe um reconhecimento mais agudo no que tange seu papel como mulher na política e não unicamente por pertencer a uma herança familiar de destaque, acho que esse mérito está por se construir”, avalia Araújo.
Pouco a pouco, a historiografia vem descortinando a participação feminina nas revoltas e tem jogado luz sobre o o papel das mulheres como protagonistas do processo histórico. “O papel que ela ocupa enquanto liderança feminina ainda é historicamente diluída, falta-lhe um reconhecimento mais agudo no que tange seu papel como mulher na política e não unicamente por pertencer a uma herança familiar de destaque, acho que esse mérito está por se construir”, avalia Araújo.
Na pesquisa sobre 1817, a bibliotecária Fernanda Ivo Neves, membro do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), encontrou quatro manuscritos com a lista dos prisioneiros da Revolução. Dos mais de 300 nomes, havia apenas três femininos, entre eles o de Bárbara de Alencar. As outras duas mulheres eram "Joana de Tal" e Maria de Tal" - a primeira era uma índia de 6 anos e a segunda, escrava de um dono de engenho que participou do movimento. Ainda não há pesquisas sobre a participação delas.
Laurindo Ferreira
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