O Rio Ipojuca, quando passa em Primavera, vai formando cachoeiras pelo caminho. Uma delas, no passado, era o refúgio de freiras em missões católicas no município da Zona da Mata de Pernambuco, distante 81 quilômetros do Recife. Todos os dias, religiosamente, elas descansavam por lá depois do almoço. O hábito não escapou aos olhares de moradores da cidade, que logo batizaram o abrigo das madres com o nome de Cachoeira do Convento.
Se na época das freiras a cachoeira era um espaço reservado no meio da mata atlântica, como recorda e relata Antônio Amaro da Silva, nascido e criado em Primavera, ela agora se abre para o turismo rural com seus 12 metros de queda-d’água. “O acesso é livre a todos, em qualquer hora do dia. Podem trazer rede, espreguiçadeira e aproveitar o aconchego que a natureza oferece”, sugere Antônio Amaro, o Tonho Cajá, proprietário do restaurante da Cachoeira do Convento.
O aconchego poderia ser melhor aproveitado se o Rio Ipojuca não fosse poluído. Infelizmente, a água da Cachoeira do Convento e das demais cascatas de Primavera não é aconselhável para banho, avisa a secretária de Meio Ambiente do município, Edjane Azevedo. É um problema, mas como para tudo dá-se um jeito, há bicas de água potável na Cachoeira do Urubu, sem ligação com o rio, para quem quiser molhar o corpo. As bicas são abastecidas por fontes existentes nas matas da região, diz a secretária.
E Tonho Cajá abastece os visitantes com café, almoço e jantar no restaurante, onde ele trabalha e mora. O cardápio é preparado com produtos da região. “Eu mesmo colho, atrás de casa, a macaxeira, a batata-doce e o inhame que serão servidos aos clientes, de domingo a domingo. Se a pessoa quiser saber se o clima está bom, antes de vir para cá, é só enviar mensagem pelo celular (81) 99806-4887, o sinal para telefone não é muito bom”, informa.
“Um dos lugares bonitos que Pernambuco tem a oferecer é Primavera, falta melhorar a infraestrutura para receber o visitante”, comenta o guia de turismo nacional Gilson Abreu, morador de Ipojuca (Grande Recife), em um passeio à Cachoeira do Convento. “Fazia mais de 20 anos que não vinha aqui, é bom saber que ela preserva a beleza natural da época da minha adolescência”, declara Gilson Abreu.
Maria Aparecida da Silva, moradora de Escada, na Zona da Mata Sul do Estado, descobriu a Cachoeira do Convento este ano, quando começou a namorar com o filho de Tonho Cajá. “À noite a gente só escuta barulho de água, nem dá para perceber se está chovendo. De dia, a paisagem é muito linda, com essa mistura de pedras, água e vegetação. É uma pena não ter cachoeira em Escada”, lamenta.
Na rota das corredeiras da cidade, a Cachoeira do Convento fica logo depois da Cachoeira do Urubu, uma das mais altas de Pernambuco com 77 metros de queda-d’água. “Ela recebeu esse nome porque os urubus fazem das pedras um refúgio”, informa Tonho Cajá. “Temos ainda o Espalhado, também aberta ao público, com pequenas quedas-d’água e muitas pedras. Com certeza vocês vão gostar de ver porque é linda demais”, diz ele ao fazer o percurso acompanhando os repórteres.
A Cachoeira do Cal, numa propriedade privada, é acessível ao público. Para conhecer a corredeira basta bater palmas e pedir licença ao dono, Cláudio da Silva Martins. A casa dele, construída há 114 anos numa parte elevada do terreno, fica no caminho de acesso à cascata. “É uma herança do meu avô, nunca exploramos e qualquer pessoa pode entrar e visitar, sem pagar nada”, afirma Cláudio Martins (Cal), cultivador de chuchu e bananas.
Casas de farinha e antigos engenhos de cana-de-açúcar, como o Preferência, chalé do século 19 de uso particular, são relíquias em Primavera, município que tem nome de flor – também chamada de buganvília – e cresceu num vale, cercado por montanhas.
BR-101 Sul e PE-63
82 quilômetros do Recife até a cidade
1 hora e 20 minutos de carro até a primeira cascata
Contato para a Cachoeira do Convento: (81) 99806-4887
2 de setembro de 2018