O jornalismo com a palavra

O JC sempre está na vanguarda de importantes discussões. Com reportagens, lançou e lança luz sobre assuntos relevantes, muitos até então fora do radar de sociedade e poder público. Vários desses trabalhos receberam prêmios; outros motivaram políticas públicas e transformaram realidades.

Em 1966, na ditadura, uma bomba deixou mortos e feridos no Aeroporto do Recife. Quase 30 anos depois, em 1995, uma reportagem do JC trouxe à tona provas da inocência dos engenheiros Ricardo Zarattini e Edinaldo Miranda. A reportagem recebeu o Prêmio Esso Regional. Em 2013, Zarattini e Miranda foram inocentados. Os fatos apresentados 18 anos antes pelo JC são considerados um divisor de águas para o desfecho.

Em 2001, o JC ganhou o Prêmio Esso Regional com a série O Desmonte da Malha Nordeste, de Angela Fernanda Belfort e Jamildo Melo, que mostrava o abandono da ferrovia. Foi a primeira vez que um jornal do Nordeste ganharia o Prêmio CNH de Jornalismo Econômico, o principal do País no setor. Em 2003, os mesmos repórteres mergulharam na situação dos portos brasileiros, muito antes do auge e da crise de Suape, na década seguinte. Dois anos depois, percorreram os caminhos da transposição do São Francisco, quando o projeto era um embrião. As duas últimas séries venceram o CNH Industrial.

O JC também pautou discussões sobre segurança pública que influenciariam a criação de políticas de combate à violência. Em 2006, o então repórter Eduardo Machado trouxe o exemplo de Bogotá, na Colômbia, que superou índices de criminalidade maiores do que os do Brasil, no caderno Manual Contra a Violência. As políticas adotadas na Colômbia inspiraram a criação do Pacto Pela Vida, em 2007, pelo Governo de Pernambuco para combater a criminalidade.

No centenário de Josué de Castro, médico e ativista no combate à fome, o JC contou histórias de nordestinos que viviam na extrema pobreza. As imagens de Arnaldo Carvalho em 2008 renderam o Prêmio Esso Nacional. Foi a primeira vez que um jornal de Pernambuco recebeu a maior premiação em fotografia. “Várias políticas começaram a se desenhar. Esse é o papel do jornalismo: mostrar para transformar a realidade”, diz o editor da JC Imagem.

Dois anos depois, Fabiana Moraes apresentou ao País Joicy, que nasceu João no interior do Estado e procurou o serviço público de saúde para realizar a cirurgia de mudança de sexo. O Nascimento de Joicy conquistou, em 2011, o Prêmio Esso Nacional e virou livro em 2015. “O especial mostra a pessoa transexual pelo que ela tinha de semelhança com as outras. A partir dela, pude falar sobre várias outras questões, como as redes de relações familiares e o atendimento no serviço público de saúde”, lembra Fabiana.

CENTRAL DE CONTEÚDO O time atual que alimenta todos os veículos do Sistema Jornal do Commercio. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem.

Um lado obscuro do Arquipélago de Fernando de Noronha foi denunciado em 2011 por Ciara Carvalho, em O Paraíso às Avessas. O projeto conquistou o Prêmio Esso Regional.

Em 2015, Pernambuco esteve nos holofotes nacionais, quando os casos de microcefalia cresceram exponencialmente. A repórter Cinthya Leite foi a primeira a noticiar, no JC, o aumento dos casos e a relação com o vírus zika. “Sou uma profissional antes do dia 23 de outubro de 2015 e outra depois. Foi nesse dia que soubemos da mudança no padrão da ocorrência da microcefalia. A primeira reportagem foi publicada no dia seguinte”, lembra.

Um dos projetos mais recentes do SJCC ganhou vida em 2018, quando 31 repórteres mulheres acompanharam todos os homicídios de mulheres em Pernambuco durante um ano. O especial multimídia #UmaPorUma venceu os prêmios Cristina Tavares, Patrícia Acioli e Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. “Produzimos dados confiáveis para, com base neles, trabalharmos soluções. Hoje ele é debatido e referenciado pela academia”, destaca Ciara Carvalho.

Não são poucos os trabalhos de relevância sobre mobilidade, como os cadernos e especiais multimídia Descaminhos e Filhos da Dor, de Roberta Soares. O primeiro, de 2013, percorreu a malha rodoviária de Pernambuco e mostrou que as estradas são vida. Que por elas passam sonhos, desilusões. Que muita coisa depende delas: escola, médico, hospital, lazer, diversão, qualidade de vida… Ganhou o Prêmio CNH. Em 2015, foi feito Filhos da Dor, que mostrou a dor de pais que perderam filhos pequenos e jovens em acidentes de motos e de cinquentinhas dadas por eles. O material resultou numa forte campanha institucional por mais responsabilidade ao deixar jovens conduzirem motos.

Sempre no segundo semestre de todos os anos, educação ganha mais atenção com um importante serviço para orientar vestibulandos e suas famílias sobre o Enem e o Sisu, inclusive com o Blog e o Zap do Fera. Também no setor, em agosto de 2017, o especial Educação, Emprego e Futuro, de Margarida Azevedo e Luiza Freitas, mostrou uma radiografia da educação brasileira e deu exemplos de empresas que investem na área. Revelou o quanto desenvolvimento econômico e geração de empregos estão associados a uma boa educação.

RELIGIÃO

O JC também mantém há dez anos a coluna Caminhos da Fé, assinada por Carmen Peixoto. “É um espaço democrático, criado com esse propósito. Espíritas, católicos, judeus, evangélicos, anglicanos… todos participam através de lideranças religiosas. Dá um retorno excelente. Foi criada também como espaço para divulgação de eventos religiosos, sem distinção”, pontua Carmen.