Ninguém sabe ao certo a época de construção do Engenho Cachoeira, em Ribeirão, município da Zona da Mata Sul de Pernambuco. Antigo ele é e produtor de cana sempre foi. Mas como nem só de açúcar vive o homem, a família abriu os portões de madeira da propriedade, às margens do Rio Sirinhaém e a 90 quilômetros do Recife, para o turismo rural.
Tire os sapatos, bote os pés no chão e faça de conta que a casa é sua ao entrar no Engenho Cachoeira. Pelo menos no tempo de duração da visita, das 8h30 às 17h30. Os proprietários, Paulo e Riselda Carneiro Leão, recebem grupos a partir de 15 pessoas com agendamento prévio, há 12 anos. E conciliam as atividades de lazer com o secular plantio de cana-de-açúcar.
Os visitantes são recepcionados com a mesa posta para um café da manhã colonial com produtos da região: pães caseiros feitos no engenho, bolo Souza Leão (tão caro à culinária pernambucana que foi alçado à categoria de Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado em 2008), grude (guloseima preparada com goma de tapioca), bolo de macaxeira, munguzá e frutas da estação. Barriguinha cheia, é hora de queimar as colorias.
Pela manhã, os grupos se espalham no quintal para caminhar em trilhas, conhecer o jardim de flores tropicais cultivado à beira do rio, tomar banho de bica alimentada por oito fontes de água natural do engenho e aproveitar a minicachoeira sombreada por um bambuzal. Outra opção é deslizar de caiaque no Rio Sirinhaém, no trecho delimitado para a brincadeira.
No jardim do Engenho Cachoeira há árvores nativas como o ingá; flores tropicais (bastão-porcelana, alpinia-rosa e sorvetão) e plantas exóticas como lagarta-de-fogo e orquídea renanthera. “Temos aqui uma raridade, uma palmeira-imperial gêmea. Plantei dez pés, um deles filhou e se dividiu”, informa Riselda Carneiro Leão, que cuida das plantas.
Às 13h é feita a pausa para o almoço. “Servimos gastronomia local, incluindo galinha de capoeira e carne de carneiro e búfalo, todos criados na propriedade. Para sobremesa temos doces caseiros de goiaba, jaca, caju, carambola e de leite de búfala, acompanhado de queijo artesanal de búfala”, diz Paulo Carneiro Leão. Ele comprou o engenho há 42 anos de um primo.
Depois do almoço as redes armadas debaixo de uma mangueira convidam a um cochilo. Porém, seja breve porque a tarde inteira é dedicada aos passeios campestres – cavalgar, circular pelo engenho numa carroça puxada por trator sentindo o vento no rosto e deixar-se conduzir numa charrete arrastada por carneiros (só as crianças). A montaria nunca é realizada pela manhã. “Cavalo é feito gente, tem hora de comer e de trabalhar”, explica Paulo Carneiro Leão. Simples assim.
A cavalariça é habitada por fêmeas e machos treinados para a montaria. Mansa como um cordeiro, Pitu, uma das éguas do engenho, comportou-se como uma lady quando eu, a repórter que embarcou nessa aventura rural e que nunca tinha subido num cavalo, me aboletei em cima da sela.
É também à tarde que os visitantes podem conhecer a criação de búfalos domesticados. Aproximar-se deles e tirar fotos como suvenir é o máximo de afoiteza que os animais permitem. Nada de fazer carinho nos bichos. “Os búfalos são de uma docilidade sem precedentes. Mas não gostam de alisado, se alisar eles correm”, adiantam Paulo e Riselda Carneiro Leão.
“O nome da propriedade é Cachoeira por causa do rio. Pela tranquilidade, deveria ser Calmaria”, comenta Paulo Carneiro Leão, o dono de engenho que ama uma prosa e faz de você menino de engenho por um dia.
BR-101 Sul km 162
90 quilômetros do Recife
1 hora e 30 minutos de carro
Terça a domingo e apenas para grupos agendados a partir de 15 pessoas
Horário: 8h30 às 17h30
Contato: (81) 99664-8383 e (81) 99962-5865
120 reais por pessoa
2 de setembro de 2018