Goiana

Mata atlântica, sombra e água fresca em harmonia na Reserva Aparauá

A placa na porteira é discreta. Apenas o nome do lugar e o horário de funcionamento. Localizada no km 20 da PE-49 (Estrada de Ponta de Pedras), em Goiana, município do Grande Recife, a Reserva Ecológica Aparauá é o último reduto de mata atlântica do Litoral Norte de Pernambuco. Ocupa 40 hectares, de uma propriedade maior, preserva seis nascentes de água e serve de refúgio para aves, répteis, mamíferos e primatas.

Se você estiver de passagem pela rodovia estadual não se acanhe e cruze a porteira. A Reserva Aparauá recebe visitantes nos fins de semana sem necessidade de fazer agendamento, das 9h às 17h, com trilhas para caminhada e bicicleta, banho de açude em água natural, banho de bica, caiaque, campo para futebol e vôlei, pesque-e-solte, brincadeiras infantis e redes para quem gosta de ver o tempo passar à sombra do arvoredo.

A Reserva Aparauá foi inaugurada em 2004 e nasceu do desmembramento do Engenho Massaranduba. “As terras eram do meu avô, que não plantava cana. Numa época ainda sem luz elétrica, ele fornecia lenha para a indústria. As barcas carregadas saíam de Goiana até o Cais de Santa Rita, no Centro do Recife”, diz Luciana Petribú, que administra a reserva com a mãe, Elma Petribú.

Luciana aproveitou a antiga estrada aberta para o transporte da lenha, no meio da mata, e fez dela a trilha de bicicleta. Por enquanto, o ciclista deve levar o veículo. Na trilha de caminhada, junto a uma das nascentes de água, ela pendurou uma cuia perto de uma placa para avisar ao visitante que ali ele pode refrescar o rosto e o pescoço com um banho de cangote.

Praticamos o turismo com sustentabilidade, nossos funcionários são moradores de uma comunidade vizinha e compramos produtos cultivados em Goiana para as refeições servidas aos visitantes”, declara Luciana Petribú, proprietária da Reserva Aparauá.

“Quando eu e meus irmãos éramos crianças, minha mãe andava com a gente pela mata, a cavalo, e molhava a nossa nuca com a água fresca das nascentes. Era revigorante. Ela chamava isso de banho de cangote”, explica Luciana Petribú. Peças em desuso do engenho são reaproveitadas e transformadas em brinquedos, como a serra da fita que servia para cortar madeira e agora compõe um carrinho no parque infantil. Rodas usadas para lavar ostras hoje criam balanços.

Formada por retalhos de afeto, a reserva também conserva o nome do engenho. “Aparauá, em guarani, é o mesmo que massaranduba, em tupi, uma árvore nativa do Brasil”, afirma Luciana Petribú. A área disponível para o turismo rural, de 40 hectares, é seis vezes maior que o Parque 13 de Maio, no Centro do Recife. “É um lugar tranquilo, com vários tons de verde para se apreciar”, destaca Elma Petribú.

Até 1972, o Massaranduba e seus 1.940 hectares mantinham produção de lenha, plantio de coco e indústria de farinha e de calcário. “Com a morte do meu avô, o engenho foi dividido em quatro propriedades para os herdeiros e eles passaram a cultivar cana-de-açúcar, que reinou até oito anos atrás”, relata Luciana Petribú.

São nessas terras, repletas de histórias, que os grupos vão percorrer quatro trilhas diferentes na mata, acompanhados por guias. Um deles é José Luiz da Silva, o popular Pinto, morador do distrito de São Lourenço, situado a poucos metros da reserva. Durante o caminho ele aponta bichos escondidos em galhos e invisíveis aos olhos urbanos, ensina a fazer apito com folhas de árvores e identifica as plantas.

Fazer as trilhas é opcional, porém, adentrar na mata é desvendar segredos. Ou você vai deixar para trás a experiência de se comunicar como os indígenas tamborilando no tronco de uma munguba? “Era o telefone dos índios antigamente”, brinca Luciana. Peça a José Luiz para tirar uma lasquinha do tronco do pau-sangue e descubra por que a árvore tem esse nome.

O funcionário público aposentado Deuton Fernandes esteve na reserva e gostou do que viu. “Trouxe a família, seguindo a orientação de um amigo. Um lugar agradável demais”, avalia. “Disseram que aqui as águas doces se encontram com as águas salgadas. Não é nada disso, mas é muito melhor”, diz Davyd Fernandes, analista de sistema e filho do aposentado.

“Eu me sinto em casa, moro em Abreu e Lima (município do Grande Recife) e costumava caminhar pelas matas de lá”, completa Eliete Gomes Silva de Castro, casada com Deuton. “Voltaremos outro dia”, avisa Davyd.

Serviço

 

Reserva Aparauá

PE-49 km 20

70 quilômetros do Recife

1 hora e 10 minutos de carro

Funcionamento

Segunda a sexta apenas para grupos agendados a partir de 20 pessoas
Sábados e domingos aberta ao público

Horário: 9h às 17h

Contato: (81) 99101-3510 e (81) 3224-4324

Preço

15 reais para adultos

7 reais para crianças de 6 a 12 anos

O ingresso dá direito à área de lazer e esportes, banho de água natural, banho de bica e parque infantil

Trilhas, pesque-e-solte, caiaque, alimentação e outros serviços são cobrados

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2 de setembro de 2018

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