Bate-papo com os colunistas

Mais do que história, o Jornal do Commercio construiu, ao longo de cem anos, um jornalismo de marca e credibilidade. Parte do sucesso se deve aos nomes que assinam diariamente as colunas do JC nas diferentes editorias, tornando-se referência em diversos assuntos. O jornal tem 19 colunas diárias e periódicas, escritas por repórteres e colunistas locais e nacionais.

Com 43 anos de profissão, mais de 20 no Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), Fernando Castilho assina a coluna JC Negócios, que leva ao leitor as análises do universo econômico. “Meu primeiro estágio profissional foi no Jornal do Commercio. Há 21 anos, depois de ter passado por outros jornais dentro e fora de Pernambuco, Ivanildo Sampaio (coordenador do Comitê Editorial do SJCC) me chamou para fazer a coluna de economia. É uma experiência muito interessante, porque você está lidando diretamente com o poder econômico, com as forças que mandam no destino do Estado.”

A colunista Mirella Martins, à frente do Social 1 nos últimos seis anos, acompanhou a mudança da coluna social. “Eu gosto de dizer que é um novo formato. Diferente da década de 1940, quando a gente falava mais sobre noivados, casamentos e nascimentos, hoje a gente trabalha com notícias do universo político, econômico, bastidores de diversas áreas, que interessam a todos. A coluna social é muito plural.”

Mirella Martins. Foto: Leo Motta/JC Imagem.

Assim como Fernando Castilho, o colunista Carlyle Paes Barreto iniciou a vida profissional no JC, ainda em 1994. Atualmente, assina a coluna Planeta Bola, com detalhes do noticiário esportivo. “Sou colunista, mas nunca deixei de ser repórter. Isso porque a base de tudo é a apuração, é lidar com fontes. No meu caso, além de tudo isso, também lido com uma grande paixão, que é o futebol.”

Para ele, a grande mudança no fazer jornalístico durante os anos de profissão veio da integração dos veículos do SJCC. “Muitas vezes estou no estádio cobrindo e fazendo online, impresso, TV e rádio simultaneamente. É um desafio bem legal.”

Carlyle Paes Barreto. Foto: Leo Motta/JC Imagem.

Os colunistas fazem regularmente participações na rádio e escrevem para blogs do SJCC. “Eu sempre digo aos estagiários, porque adoro conversar com o jovem que está começando: primeiro, você apura, depois, vê onde distribui. O que é bom para o jornalismo é a boa apuração. Depois que apura, onde vai ser distribuído – se na TV, rádio, jornal ou internet – é consequência.”

Igor Maciel, colunista que assina a coluna Pinga-Fogo, sobre os bastidores do universo político, é símbolo dessa integração entre os veículos do sistema. “Enquanto eles começaram no impresso, eu iniciei minha carreira na Rádio Jornal. Do rádio, fui para a TV. E, da televisão, fui para o impresso. Fiz o caminho inverso. É interessante porque isso facilita, também. Estamos em um momento multiplataforma do jornalismo. Todos estão tendo que migrar para outros veículos. Muita gente fala no enfraquecimento da imprensa. Eu acredito no contrário, que estamos nos fortalecendo neste momento.”

Igor Maciel. Foto: Leo Motta/JC Imagem.

A tecnologia que permite essa troca é a mesma que trouxe novos desafios. “Antes você conseguia apurar uma informação e segurar para sair no jornal do dia seguinte com exclusividade. Hoje em dia, você pode ter uma informação pela manhã e achar que mais ninguém tem. Quando acha que vai dar o furo (informação publicada por um veículo antes dos demais), ela já está em todo canto”, aponta Igor. “Mudou o comportamento da fonte. Ela passa algo pra você e fica naquela ansiedade para que seja publicado logo. Se você não der, ela passa para outro”, completa Carlyle.

Para Castilho, os avanços tecnológicos mudaram também a rotina de apuração nas redações. “Hoje, eu raramente ligo para falar com uma fonte. Na área de economia, muitas vezes as pessoas estão ocupadas para falar. Por isso, primeiro mando um WhatsApp. Às vezes, a resposta vem só com um emoji.”

Fernando Castilho. Foto: Leo Motta/JC Imagem.

Em um mundo cada vez mais digital, em que toda pessoa com acesso à internet é capaz de produzir e compartilhar conteúdo, cabe à imprensa a credibilidade. “Os leitores vão atrás dos jornais pela credibilidade, é o que nos diferencia dos outros”, destaca Mirella. E, em uma coluna, a confiança está depositada na imagem e no nome de quem assina. “As pessoas não dizem ‘saiu no Social 1’, dizem ‘saiu em Mirella’. Da mesma forma, se sair algo que desagradou, a pessoa vai dizer: ‘estou com raiva de Carlyle’. A coluna é algo que personaliza”, pontua Castilho. “Mas é importante lembrar que fazemos jornalismo com a marca Jornal do Commercio. O jornal está fazendo 100 anos, mas nós iremos passar. O que vai ser lembrado no futuro é a marca que nós deixamos nessa história”, completa.